Em 2021, a educadora social voluntária do Centro Social Esperança, Marlene Miranda, procurava por cursos Educação Financeira que pudesse aplicar com crianças e adolescentes, na Associação Beneficente Providência Azul (ABPA), na Zona Sul de São Paulo (SP).
Nesta busca, acabou chegando no IBS e logo se encantou com os jogos. Após contatos com a assessoria do representante em São Paulo, participou da formação EaD em 2022.
“Devido ao retorno, após a pandemia, as prioridades do Centro Social Esperança foram reforçar os conceitos e práticas de convivência social e, também, reforço escolar. Realizamos encontros de apresentação dos jogos, no segundo semestre de 2022 e combinamos desenvolver um projeto em 2023. Cada encontro seria composto por três atividades: controle do cofrinho; tema escolhido para o dia; e a parte lúdica”, explicou.
Na proposta, cada participante produzia o seu cofrinho com materiais reciclados, usando caixas de leite e sobras de papeis e revistas para cobrir/enfeitar. A poupança semanal era feita de duas formas: uma em família, com cédulas e moedas reais e os valores combinados entre eles. A segunda, durante as atividades, com anotações e controle dos valores poupados, com cédulas e moedas “fictícias”.
Durante a implementação do projeto houve resistências: “Surgiram alguns relatos de não gostarem de matemática, perguntavam para que fazer aquelas contas, reclamavam que o controle do cofrinho é repetitivo”, disse ela.
Tudo mudou quando foi passado em classe o vídeo “Menino do fusca”. A partir daí, começaram a questionar “por que a criança escolheu o carro se ela não pode dirigir?”. Foi a conexão ideal para que a educadoras mostrasse que a matemática está presente em todos os aspectos da vida, e que a repetição no controle do cofrinho faz parte de um plano para o futuro.
“Durante as partidas de Piquenique observamos escolhas de produtos somente com valores de 1 América, produtos não saudáveis e a ansiedade para chegar logo ao final do jogo. Momentos de rica troca educadoras e educandos. Passamos a eles que o mais importante eram as escolhas para chegar bem no final do jogo. Nem sempre os produtos de 1 América são saudáveis ou garantem boa poupança no final. De encontro em encontro percebemos mais participação, curiosidade e pedidos de ajuda com os cálculos de matemática, tanto no controle do cofrinho quanto nas anotações durante as partidas”, relata.
Depois do EaD de Educação Financeira, Marlene participou das formações do IBS, como Oficinas Criativas e Xilogravura. Ali foi possível enxergar temas transversais e multidisciplinares. Um exemplo foi o jogo Mancala, de origem africana, que foi confeccionado com potes de iogurte, tampinhas de refrigerantes e retalhos de tecidos. Já a xilogravura foi utilizada na apresentação da Moeda Social como alternativa de desenvolvimento de uma comunidade, com os alunos criando as moedas e fazendo suas impressões.
“Um trabalho como este é impossível realizar sozinha, minha gratidão à equipe do IBS pela riqueza de conteúdo em todas as formações que participei e apoio constante após as formações. Minha gratidão a toda a equipe do Centro Social Esperança, sempre colaborando e apoiando quando precisamos, e às crianças e adolescentes, pela linda e desafiante trajetória que trilhamos”, conclui.
“Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino”. Paulo Freire